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Destino do ensino superior no Brasil

UNIVERSIDADE?
Estou muito preocupado com o destino do Ensino Superior em nosso país, pois a democracia , os critérios e a situação que hoje temos em algumas Universidades tem beirado ao caos que vai desde a forma de seleção de professores até a produção teórica e prática dos diversos cursos das muitas Instituições Superiores. Começando pelos critérios de seleções de professores vemos que não há verdadeiramente uma seleção pautada na lógica da verdadeira construção de méritos e sim dos conchaves ou dos guetos ideológicos que tem pontuado nossas faculdades e universidades. A seleção de professores é vergonhosa mas muitos que são prejudicados preferem calar – se pensando na próxima seleção e pelo medo de serem aniquilados do mundo do ensino superior em função dos protestos ou recursos que promovem.
Há vários casos onde aqueles que se rebelam contra este sistema arcaico são motivo de comentários, debates e discussões e até afirmativas tais como “ aqui ele não entra mais!”
A situação de nossas Universidades é triste pois o ensino secundário está preparando para entrar na Universidade e não para que os indivíduos sejam pesquisadores, sejam produtores de conhecimento, sejam cientistas na acepção da palavra. Além do mais, muitas Universidades funcionam num verdadeiro marasmo onde os professores tomados de seus títulos de Doutores, Phd’s etc. se dão ao luxo de não ministrar aulas ou, simplesmente chegarem a hora que querem e promoverem às vezes enfadonhos e não criteriosos seminários para os alunos que terminam sem debates, sem pesquisa e sem produção. A situação é calamitosa também com a falta de professores para diversos cursos além da precarização trazida pelo contrato temporário, onde os professores estão desenvolvendo um certo trabalho (temporário trabalha) e, quando já estão criando vínculos, tem de sair da Universidade o que é um grande prejuízo que corta o trabalho pedagógico e o sentido real da pesquisa e do conhecimento.
Além do mais, a formação dos alunos é muito precária onde alunos em sua grande maioria são incapazes de produzir um trabalho de final de curso e, por tudo isso, se multiplicam as empresas de confecção de monografias, teses e trabalhos onde existem até sites com trabalhos prontos ao gosto do freguês o que é abominável no sentido da pesquisa e do conhecimento.
As Instituições de Ensino Superior deveriam criar mecanismos que levem o aluno a aprender a pesquisar, a criar seu conhecimento autônomo sem recorrer a cópias ou plágios tão comuns no meio acadêmico hoje.
Outro aspecto que denota o desprezo ao conhecimento são as seleções de Mestrado e Doutorado em nossas Universidades onde os critérios estabelecidos nos editais são rasgados violentamente, pois é palavra recorrente de que é preciso ser adequado a uma tal linha de pesquisa que significa na prática ter um amigo no grupo de professores dessas tais confrarias que se tornaram os cursos de pós-graduação em quase todas as Universidades o que faz com que muitos preparem trabalhos simplesmente para passar e que muitas vezes não significam nada na intervenção no mundo em que vivemos. Muitas teses produzidas hoje nos cursos de pós-graduação têm finalidade apenas de aferição de diploma e repousarão incólumes nas prateleiras das bibliotecas das Universidades. É uma situação que tem a ver com a formação de grupos ideológicos de partidos políticos nas Universidades que atentam contra a tal democracia tão preconizada pelas discussões em Volga nos ambientes universitários.
Claro que muitos discordam desta reflexão e, geralmente, fingem que isso não ocorre, mas a verdade é que estamos muito longe do sentido da Universidade que se não me engano seria Ensino, Pesquisa e Extensão que são apenas palavras ao vento. Ou não é assim?
Francisco Djacyr de Souza
djacyrsouza@gmail.com
Professor
Fonte: O Povo Online - Fortaleza/CE, 15/01/2013