Ações ligadas a educação sobem até 90%

24/09/2012 14:10

Ações ligadas a educação sobem até 90%
 
24/09/2012 - Financiamento estudantil e mercado de trabalho mais competitivo incentivam alunos a buscarem ensino superior. Analistas afirmam que ainda há espaço para crescer, mas opção é mais adequada para investidor que arrisca

MARIA PAULA AUTRAN
DE SÃO PAULO

No ano em que o Ibovespa acumula ganho de apenas 8%, o setor de educação se destaca. As ações das três empresas ligadas principalmente ao ensino superior listadas na Bolsa dispararam em 2012.

Os papéis da Kroton (KROT11), a maior alta, subiram 90,9% no ano. Em seguida vem a Estácio (ESTC3), com valorização de 84,7% e, depois, a Anhanguera (AEDU3), com 62,1%.

São três os motivos apontados pelos analistas: o aumento no número de alunos, o financiamento estudantil e um mercado de trabalho mais competitivo.

O Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) ganhou condições mais atrativas em 2010, quando os juros caíram para 3,4% ao ano.

Aliado a isso, a exigência cada vez maior de mão de obra qualificada e o aumento da massa salarial da classe média brasileira incentivam os estudantes a buscarem o ensino superior.

Esses fatores fizeram com que aumentasse o número de alunos matriculados nas três instituições, o que resultou em balanços positivos no segundo trimestre e no primeiro semestre.

Segundo Bruno Giardino, analista de educação do Santander, uma parte do movimento se deve à recuperação de perdas que as empresas tiveram no ano passado e outra, à geração de caixa.

"Existia uma preocupação dos investidores que o setor consumia muito caixa e que não era possível gerar", afirma."No começo do ano, as empresas anunciaram que iriam fazer menos aquisições neste ano, que iriam integrar aquelas que já vinham sendo feitas e que haveria geração de caixa", diz Giardino.

O ano passado foi marcado por aquisições no setor, como a da Unopar pela Kroton por R$ 1,3 bilhão.

PERSPECTIVAS

A médio e longo prazos, os analistas acreditam que as ações ainda têm espaço para crescer -mas não com altas tão expressivas como as que obtiveram até agora- porque a expansão do setor e o ambiente favorável às empresas devem continuar.

"Aparentemente, o pior do impacto externo na economia brasileira já passou. Acho que não tem por que os resultados caírem, mas lógico que não vão crescer na mesma intensidade. Ainda tem coisa positiva para sair daí", diz Michael Viriato Araújo, professor de finanças do Insper.

Uma das apostas para o crescimento deve ser o ensino à distância, cuja margem é ainda maior do que a do presencial, já que os custos são menores. O setor representa 14,6% das matrículas de graduação no ensino superior, segundo o Censo da Educação Superior de 2010. O levantamento aponta ainda que 74% dos alunos (presenciais e à distância) estão no segmento privado.

De acordo com especialistas, o perfil mais adequado é o investidor que tem mais apetite para o risco, já que as ações têm pouca liquidez e tendem a sofrer mais em momentos de crise.

"Historicamente, tem sido um setor mais arriscado, com volatilidade operacional. Em 2012, talvez estejamos iniciando um caminho diferente, mas não vejo ainda como defensivo. Mesmo com o Fies, que pode torná-lo menos cíclico, ainda é um setor cíclico, dependente da atividade econômica", diz Thiago Macruz, analista do Itaú BBA.  
Fonte: Folha de São Paulo  

 

Rua 217, nº 180 Qd. 44 Lt. 10 Setor Leste Universitário Goiânia – Goiás CEP: 74603-090 (62)3225-1472
Interagi Tecnologia