Faculdades privadas apostam em pagamento mais flexível
Juliana Lisboa
Nas traseiras dos ônibus, outdoors e portas de faculdades é possível ver que as faculdades particulares estão adotando estratégias agressivas para manter os alunos matriculados - ou seduzir de volta aqueles que, por conta da crise, optaram por parar de estudar.
As estratégias são muitas: algumas, como a Unijorge, "tomam emprestada" a função do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e oferecem a possibilidade de financiar o valor do curso sem juros por meio de um seguro educacional.
Outras, como a Estácio e a Unifacs, dão até o dobro do tempo para que o aluno quite o valor do curso. Como resultado, o valor das parcelas cairia pela metade. No caso da Estácio, os juros ficam por conta da instituição.
Além do financiamento, essas e outras instituições também oferecem descontos para matrículas antecipadas, congelamento do valor de algumas mensalidades e bolsas para alunos que tenham ingressado via Enem.
Ex-alunos da Unijorge, o casal Mharcello e Rebeca Almeida, de 25 e 27 anos respectivamente, são "órfãos" do Fies. Ele ainda planeja voltar no ano que vem para concluir o curso de dupla graduação de Publicidade e Propaganda e Jornalismo, mas ela prefere apostar no curso técnico.
"É um investimento muito menor e o tempo de curso é mais curto, também. Fora que, com a graduação, você não sabe se vai trabalhar na área de formação, se vai ter emprego quando terminar a faculdade, enfim, se vai ter como pagar o financiamento", desabafa Rebeca.
Já Mharcello não abre mão da faculdade. Ele acredita que vai conseguir pagar a faculdade com uma outra estratégia aliada às novas propostas da faculdade.
"O ideal é o aluno trabalhar durante a faculdade e conseguir equilibrar a mensalidade do Fies enquanto faz uma poupança. Depois de se formar, ele pega o valor dessa poupança para ajudar a quitar o que ainda falta", diz.
O que deu errado, segundo ele, foi justamente não ter conseguido a renovação do Fies. "Não tinha como pagar quase R$ 1.300 de mensalidade. Por isso tranquei a faculdade", justifica o ex-universitário.
Programação é chave
Para o professor de finanças pessoais Ângelo Guerreiro Costa, o principal é avaliar se as ofertas das faculdades cabem no bolso a longo prazo, e não apenas em um semestre.
"No meu ponto de vista, estudar é sempre vantajoso, e o custo de ficar parado em tempos de crise pode ser maior do que investir na carreira, pois uma hora o mercado volta e você pode ficar obsoleto", opina o professor.
"No entanto, tem que ver se essas novas opções são realmente válidas. A vantagem do Fies é que ele tem prestações baratas e um prazo longo. Ao tratar direto com a faculdade você tem que pensar que a mensalidade dessa dívida tem que caber no seu bolso junto com as contas básicas para se manter após se formar".
O Ministério da Educação (MEC) informou que não tem poder para mediar as formas de financiamento que as faculdades possam oferecer aos alunos a não ser o Fies.
Por meio da assessoria de imprensa, o órgão informou que esta é uma relação de consumo, e que, caso o aluno se sinta lesado pelo contrato, ele deve se valer do Código de Defesa do Consumidor. "O MEC é responsável por avaliar a qualidade do curso, não no caso do financiamento. Apenas no caso de haver falência por parte da instituição o MEC vai assistir os alunos", informou.
Fonte: atarde.uol.com.br
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