Produtividade e Educação? A imaginação no poder!

18/11/2015 14:23

Produtividade e Educação? A imaginação no poder!

Os empresários não devem esperar pelo governo para construir o Sistema de Educação Contínua para elevar a produtividade orientada para a criação de riquezas

O Brasil está perdendo de 7x0 no campeonato mundial da produtividade. E aí?

Se o conceito é simples, fazer acontecer a produtividade depende de uma complexa e cada vez mais sofisticada equação combinando inovação tecnológica e qualificação de pessoas.

No caso do Brasil, mais do que a inovação tecnológica o problema é a baixa qualificação do trabalhador brasileiro.

O senso comum nos diz que é culpa do governo e de seu Sistema Educacional que em seus dois níveis, isto é, educação básica e superior, não forma pessoas com capacitação suficiente para o desafio que o mundo do trabalho no século XXI requer. Isso é parte da verdade.

Se fixarmos total e exclusivamente a nossa atenção no indicador “proporção de pessoas entre 24 e 39 anos com curso superior completo”, podemos jogar a toalha. Afinal de contas como buscar ter protagonismo global se o Brasil tem apenas 15,2% relativamente a este indicador enquanto o a Coréia tem 65,7%, Japão 58,8% e na média os demais países desenvolvidos marcam sempre acima de 40%?

Os sábios costumam dizer “devemos valorizar mais as coisas que podemos fazer do que aquelas que não podemos fazer”, o que quer dizer que não devemos ficar paralisados pelo que não podemos fazer.

Vamos tentar ver o problema de outro ângulo. Para encontrar novas respostas para o enigma da produtividade os empresários e gestores devem mudar sua mentalidade e buscar uma nova forma de interpretar, compreender e mudar a realidade.

Já que elevar em poucos anos a proporção de brasileiros com educação superior é uma proposição utópica, que tal se tentasse encontrar atalhos e estabelecer novos caminhos de qualificação de pessoas para elevar a produtividade no Brasil?

De fato, a educação das crianças, dos adolescentes e dos jovens conduzida no Sistema Educacional brasileiro é desastrosa para preparar nossa sociedade como um todo. Entretanto a qualificação para o trabalho pode e deve ser vista como muito mais do que um resultado deste sistema educacional.

O mundo como um todo está descobrindo que a educação contínua e permanente dos adultos é a chave para vitalizar as empresas e organizações modernas, as quais exigem que as pessoas tenham uma performance mais produtiva.

Nesse novo contexto de um mundo onde o trabalho é feito pelo talento e pela capacidade de racionar e de operar máquinas cada vez mais sofisticadas, a empresa deve ver a si própria como uma organização de aprendizado para adultos em tempo integral., onde trabalhar e aprender estarão intrinsicamente ligados.

E é exatamente isso que está acontecendo: a empresa para se tornar viável e competitiva neste século XXI deve que se tornar uma organização de promoção do conhecimento e desenvolvimento de pessoas.

O modelo fabril de criação riquezas na forma de produtos e serviços caminha para ser uma relíquia do passado. Isso por que, progressivamente, as atividades repetitivas estão sendo robotizáveis, seja através de androides, ou seja, através de algoritmos.

Neste contexto, o mundo caminha para uma realidade na qual a verdadeira fonte geradora de riquezas será cada vez mais resultado da combinação de conhecimento, inteligência, talento e criatividade.

Isso é antes resultado do próprio sucesso da espécie humana em criar ferramentas e processos mais produtivos, explorando mais a inovação tecnológica do que explorando seres humanos. É aí que a porca torce o rabo.

Adam Smith valorizava a mão invisível e o egoísmo do açougueiro e do padeiro como formas de criar riquezas. Esse tempo acabou. Adentramos a era da economia do conhecimento e os empresários devem colaborativamente erigir o Sistema de Educação Continuada de seus colaboradores para aumentar a produtividade orientada para a criação de riquezas.

Neste desafio os empresários não precisam ficar parados reclamando a ação do governo. Precisam ser proativos e buscar de forma solidária encontrar novas respostas para criar o Sistema de Educação Continua e Permanente para o mundo do trabalho.

A educação no próprio contexto do trabalho representa no Brasil uma demanda de mercado expressiva que pode ser calculada pelo tamanho da população empregada com carteira assinada, que chega a quase 60 milhões de brasileiros contratados por 6,9 milhões de empresas, das quais mais de 250 mil são grandes e médias. Essa demanda é muito maior que a demanda do sistema educacional formal que tem 37,5 milhões de crianças e adolescentes e ainda 5 milhões de jovens universitários.

O atendimento desta demanda já é feito em parte pelas organizações do chamado Sistema S. Mas existe um espaço extraordinário para crescimento e inovações de ruptura. Já temos novos e vigorosos players nesta atividade e que podem ser representados pelas holdings formadas inicialmente para atender a demanda de ensino superior.

Exemplos? Os grupos Kroton, Estácio, Anima, Ser Educacional, Laureate e DeVry que são até aqui as grandes companhias do setor, responsáveis por atender quatro de cada cinco universitários matriculados em nosso país.

Essas empresas de educação captam recursos em bolsa de valores, se desenvolvem mais rapidamente do que as instituições públicas federais. Atraem talentos, implantam inovações tecnológicas de ponta, como soluções de telecomunicações que permitem alta capilaridade em mais de duas mil cidades levando conhecimento e capacitação através do ensino à distância e operam centenas de campi espalhados pelo país.

É principalmente com essas empresas de educação que as grandes e médias empresas devem buscar parceria para suas necessidades de apoio em educação continuada e permanente para seus funcionários.

O Brasil está complicado. Precisamos sim de mudar muitas coisas na política. Mas precisamos sobretudo mudar nossa mentalidade como sociedade, independente dos rumos da crise. A imaginação no poder!

Ricardo Neves - Revista Época - 17/11/2015 - Rio de Janeiro, RJ



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