Produção de informação gera felicidade?

08/10/2015 14:55

Produção de informação gera felicidade?

Um estudo feito por pesquisadores do Sul da Califórnia, publicado na revista Science Express, estimou que a quantidade de informação produzida no mundo entre 1986 e 2007 foi a soma estratosférica de 296 exabytes (1 exabyte equivale a 1 bilhão de gigabytes, ou seja, muita informação!). Segundo o presidente do Google, a cada dois dias se produz mais informação que nos últimos 5 mil anos!
Vivemos, sem dúvida, uma era de muita informação, mas é possível falar que vivemos uma era de conhecimento? Podemos dizer que informação é o resultado do processamento, manipulação e organização de dados, ou seja, é um conjunto organizado de dados, mas por si esses dados ainda não podem ser considerados conhecimento. O conhecimento é nossa capacidade de aprender e apreender as coisas do mundo, fazer as relações entre elas e agir em conformidade com o apreendido, ou seja, de forma simplificada, aprender seria utilizar as informações para transformação do mundo. O professor Cipriano Luckesi, filósofo e doutor em educação, nos diz que o conhecimento seria a explicação da realidade decorrente de um esforço de investigação daquilo que está oculto, que não está apreendido ainda, ou seja, adquirir conhecimentos não é somente compreender a realidade retendo informações, mas se utilizar das informações para desvendar o novo e avançar, porque quanto mais competente for nosso entendimento do mundo, mais satisfatória será nossa ação. Aliás, no princípio da humanidade o conhecimento foi fundamental para manter as pessoas vivas, elas começaram a aprender o que podiam ou não comer, como agir nas intempéries e como se defender dos animais, entre tantas outras funções, e com o desenvolvimento do conhecimento o homem viu que poderia ir além, não somente se manter vivo, mas viver melhor, que é hoje nossa busca constante. E para viver melhor foi preciso continuar aprendendo, testando, tentando, buscando sempre novas formas de se desenvolver individualmente, socialmente, fisicamente, psicologicamente, mas apesar disso, nem sempre o aprendizado gerou uma melhora efetiva. E por que isso ocorre?
Provavelmente por não estarmos utilizando de maneira adequada aquilo que conhecemos. O processo econômico mundial passou por várias mudanças, indo de uma economia fundamentalmente agrária para uma economia industrial que evolui rapidamente. É possível dizer que a nova economia é uma economia baseada no saber, no conhecimento. Até mesmo setores mais tradicionais como agricultura e indústria exigem pessoas capazes de transformar informação em conhecimento para tomar decisões adequadas no mundo do trabalho e não somente para operar máquinas. Para exemplificar, na economia industrial o lucro era gerado pela produção em massa de um mesmo produto, hoje os produtos e serviços precisam ser adequados a cada perfil consumidor, exigindo das empresas e das pessoas uma capacidade maior de compreender os desejos das pessoas e transformar esses desejos em produtos adequados. A nova sociedade que está sendo formada precisa de pessoas que além de manusear as novas tecnologias sejam capazes de inovar, de criar novas soluções e explorar novos mercados, pessoas que sejam criativas e flexíveis. Mas será que somente produzir melhor para vender mais fará com que as pessoas sejam mais felizes? Não parece ser o caso... Acredito que temos sim que aprender a produzir melhor para usufruir daquilo que produzimos, o que já está sendo feito, mas temos que perceber quão importante para nossa geração é formar pessoas que, além de “produzir bem”, saibam conviver, que respeitem as diferenças, que amem o próximo e se unam em torno de um ideal de nação. Conhecer deve servir para termos uma vida melhor, mas não somente em termos econômicos, conhecer deve nos servir para sermos mais humanos, para que tenhamos mais cuidado com as pessoas e com o mundo que nos cerca. A meu ver, conhecer deve servir, mais que tudo, para que nos tornemos pessoas melhores.
Erika Bataglia da Costa - Revista Gestão Universitária - 08/10/2015 - Belo Horizonte, MG

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